Entrevista a Dr. Pedro Hubert – Instituto de Apoio ao Jogador

Como começou o Instituto de Apoio ao Jogador?

O Instituto de Apoio ao Jogador (IAJ) foi inicialmente pensado há mais de 10 anos, embora tenha sido registado oficialmente há apenas 6 anos. O Instituto de Apoio ao Jogador surgiu por minha iniciativa, criar uma empresa privada e autónoma, mas resultava da vontade de vários psicólogos, de aprofundarem os seus conhecimentos em várias áreas ligadas ao jogo.

E como funciona?

Primeiramente, o ponto central sempre foi o tratamento de pessoas com problemas de abuso e dependência de jogo, mas existem outras áreas muito interessantes que pretendemos desenvolver e apurar conhecimento científico.

Acima de tudo, este saber tem que ser repartido em áreas e profissionais especializados. Por outro lado, falamos de áreas como o jogo responsável que é em si um universo, da formação de outros profissionais e respetiva supervisão clínica, a formação a empregados da indústria do jogo, assim como profissionais da área jurídica, económica, académica, a intervenção nas escolas, faculdades, comunidades, difundir junto do media informação científica e ajustada, assim como desenvolver algum tipo de investigação séria, e assegurar a coordenação de linhas de apoio telefónico que consideramos um dos fatores essenciais da prevenção e acompanhamento de jogadores excessivos.

” O ponto central sempre foi o tratamento de pessoas com problemas de abuso e dependência de jogo… “

Pedro Hubert

Quem está involvido neste processo?

Ainda somos poucos, mas estamos a dar os primeiros passos seguros e determinados para além de estabelecermos inúmeras parcerias com faculdades de psicologia, escolas, órgãos do serviço nacional de saúde, comunidades terapêuticas, organizações e profissionais internacionais, entre outros….

O que distingue um jogador recreativo de um jogador patológico?

Estaria tentado a dizer; Os jogadores recreativos que são mais de 95% divertem-se e estabelecem uma relação saudável com o jogo, em oposição os jogadores patológicos estabeleceram uma relação de dependência com um comportamento que lhes é nocivo pois estão centrados em recuperar o que perderam, querem estar sempre a apostar mais tempo e mais dinheiro, trocam as suas prioridades em relação ao trabalho e à família e vão começando a perder o controle do seu comportamento. Por outras palavras, jogam solitariamente, em tensão, obsessão procurando resolver os seus problemas apostando e procurando também alheamento e evasão da realidade.

A que sinais deveremos estar atentos?

Os sinais podem variar em função do tipo de jogo e do modo de acesso ao jogo ser online ou offline.

Junto a célebre lista que teve origem nos Jogadores Anónimos já há muitos anos, mas que ainda hoje se mantém eficaz. Por exemplo, quem responde a bastantes perguntas de forma positiva deve pensar e reformular a sua forma de apostar.

20 perguntas essenciais no despiste dos problemas com o jogo.

  1. Joga para se alhear dos problemas do dia-a-dia?
  2. Joga como se fosse um investimento?
  3. Joga para resolver os seus problemas financeiros?
  4. Pede dinheiro emprestado para ir jogar ou pagar dívidas de jogo?
  5. Já vendeu algo seu para cobrir dívidas relacionadas com jogo?
  6. Torna-se incapaz de parar de jogar estando a perder ou ganhar?
  7. Joga até ficar sem dinheiro perdendo a noção do tempo?
  8. Tem problemas de pontualidade, assiduidade ou produtividade no trabalho?
  9. Tem sentido stress, enxaquecas, ansiedade, depressão, insónias, hipertensão?
  10.  Tem trocado as prioridades em relação a si e à sua família?
  11.  Já pensou em “acabar com tudo”?
  12.  Joga mais tempo do que previsto e o montante das suas apostas tem aumentado?
  13.  Pensa e programa constantemente o “jogar”, sentindo remorsos após fazê-lo?
  14.  Sempre que perde tem uma irresistível necessidade de recuperar o dinheiro perdido e sente / acredita que o vai conseguir fazer?
  15. Tem mentido e omitido factos que provocariam entraves a continuar a jogar?
  16. Já teve atividades ilícitas para poder continuar a jogar?
  17. Sente-se desiludido, triste, distante, desesperado, só e com baixa autoestima?
  18. Já sentiu a sua reputação ameaçada ou fez grandes esforços para a manter intacta?
  19.  Já pôs em risco relações conjugais, familiares ou sociais devido ao jogo?
  20.  Já ponderou seriamente deixar de jogar e fazer algo nesse sentido?

Em conclusão, é importante perceber essencialmente a relação que o apostador estabelece com a o jogo e ver se esta se o comportamento se mantém no tempo ou foi um episódio apenas.